Andava pela rua como quem não quer nada. Na cabeça passavam coisas, ora passado, ora futuro e às vezes um total vácuo. Foi neste ponto,quando nada passava na cabeça,que meu mundo parou embora o mundo real ainda girasse. Havia tempos que eu tinha uma angústia no peito, que pulsava latente a fim de me mostrar que alguma coisa estava errada, não quis ouvir.
No momento em que o relógio parou de contar,as coisas ficaram claras a respeito de onde ia andando,vendo que o meu sentido era o contrário.Quis descer,mas não é tão simples abandonar o barco.A luta é mais forte dentro do corpo que fora, e os desejos as vezes ficam empoeirados se a coragem não vem empurrar a vontade do lutador.Desistir não faz parte de mim,mas admitir que as coisas não andam bem é muito mais que complicado.
Por um instante eu vi que a vida de único filho não é assim tão mole como me disseram por aí. Têm deveres, compromissos, ressaltos, promessas que na verdade não nos são de origem, mas afligem como se fossem,tem afagos que não queremos, e damos passos obrigados, e deixamos nossa opinião de lado pelo simples medo de desagradar.
Doaram um estereotipo que não agrada esse de mulher magra, que respeita,que nem sempre deve falar oque pensa,que escuta e fica muda e não responde com má educação, e usa o cabelo liso simplesmente por que é moda, usa maquiagem pra esconder os medos, a insônia e a idade, sem falar nas roupas que devem seguir um padrão seja de moda ou daqueles que aprendemos em casa,demasiadamente tudo isso me deu enjôo e repulsa .Antes que me perguntem, oque eu quero, respondo,eu sei, eu sei...
Quero por mim mesma ser mais, muito mais que me indicaram, o caminho certo é o contrário. Andar sem rumo por aí, assumindo meu corpo, minha atitude e minhas marcas,falar no telefone sem medir palavras,pôr pra fora minhas imperfeições,chorar se me der vontade,rir alto e sem motivo,não ter hora de dormir ou acordar,dar vazão aos sentimentos e amar como deve,sem medo,sem máscara,deixando de viver essa monotonia chata.A vida é pra ser alegre,vivida intensamente sem medo de represália,sem medo de desagradar e de seguir os padrões e o monte de blábláblá.Não precisa ser cor de rosa,pode ter o preto e o marrom,pode vir com medo,com dúvidas e erros.A felicidade vem acompanhada da melancolia,como saber distinguir o sabor do que me agrada sem distinguir aquilo que é ruim?? Impossível. Quero viver essa dualidade. Como é bom enxergar o mundo com esses olhos, olhos que não tem medo da frustração nem de se arriscar.
As perguntas estão na cabeça dos inusitados que teimam em questionar, mas as respostas só os que sabem escutar encontram, toda resposta se encontra dentro de nós, lá no fundo onde uns dizem coração, outros alma, mas eu julgo ser o vácuo, que às vezes ganha voz como se fosse vivo e vivesse independentemente de mim.
Tudo me veio a mente num segundo.Meu ônibus parou me tirando da inércia.
- Sobe moça?? Disse o passageiro.
- Não,vou pro outro lado. Respondi com toda convicção.
Sabia oque fazer.Era hora de buscar os sonhos que ficaram no caminho.É hora de recomeçar.
È necessário RECOMEÇAR todo dia,toda hora ou a cada minuto se for no caminho CERTO!!!!
Tive vontade de começar por compartilhar uma coisa que gosto muito de fazer: Escrever crônicas...Espero que gostem de saborear....
Géssica
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